Dois outdoors com críticas ao presidente Jair Bolsonaro foram vandalizados em Mogi das Cruzes, São Paulo, logo após sua instalação. A ação foi promovida pelo movimento Acredito, que busca renovar a política de forma suprapartidária. Os outdoors criticavam a gestão de Bolsonaro na pandemia e foram destruídos em menos de 24 horas.
O movimento Acredito, responsável pela iniciativa, já havia instalado outdoors semelhantes em outras cidades de São Paulo e Minas Gerais. A ação deve se expandir para o Rio de Janeiro e Ceará. Um dos outdoors em Mogi das Cruzes foi colocado a 15 metros de altura para evitar vandalismo, mas mesmo assim foi depredado.
Em comunicado, o movimento lamentou o vandalismo e destacou o avanço do autoritarismo no país. Eles compararam a situação aos cientistas exilados por ameaças de apoiadores radicais do governo. A dificuldade de veicular críticas fora das redes sociais foi enfatizada.
As mensagens nos outdoors incluíam frases como “Cemitérios cheios, geladeiras vazias. Bolsonaro é culpado!” e “Se tivesse vacina o comércio estaria aberto. Mas não teve”. Em São Paulo, as críticas focaram na falta de vacinas e na desorganização do governo federal. Em Minas Gerais, as cobranças foram direcionadas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
O movimento enfrentou dificuldades para encontrar empresas dispostas a exibir os outdoors. Muitas temiam represálias comerciais e físicas. Em São Paulo, apenas três das 80 empresas contatadas aceitaram veicular os anúncios. Algumas empresas temiam até a quebra de contratos com o governo.
Marco Martins, líder do Acredito em São Paulo, atribuiu o clima de medo às ações do governo federal contra opositores, como o uso da Lei de Segurança Nacional. Ele destacou que muitos doadores da vaquinha para financiar os outdoors preferiram permanecer anônimos.
A vaquinha online arrecadou R$ 50 mil para financiar os outdoors. Em São Paulo, a campanha arrecadou R$ 12.049 em uma semana, resultando em oito outdoors em cinco cidades. Em Minas Gerais, R$ 36.000 foram arrecadados em duas semanas, financiando 25 outdoors na região metropolitana.
O movimento Acredito vê os outdoors como uma forma de “furar a bolha” e alcançar um público mais amplo, que não tem acesso às críticas ao presidente nas redes sociais. Dada a gravidade da pandemia, o grupo optou por não organizar carreatas ou atividades presenciais, focando na comunicação visual para transmitir sua mensagem.